Operadores do mercado financeiro já veem o
dólar sendo negociado entre R$ 4,50 e R$ 4,75 se o governo não fizer nenhuma
estripulia na área fiscal. Segundo o economista-chefe do Banco BV, Roberto
Padovani, tecnicamente, a moeda norte-americana está mais para R$ 4,50 do que
para R$ 5,50. Nesta quinta-feira (10/12), o dólar foi cotado a R$ 5,037, com
baixa de 2,63%, o menor patamar desde 12 de junho.
Padovani reconhece que o câmbio está muito volátil, porque há muita cautela em relação ao contexto atual de incertezas provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Contudo, há a consciência de que um dólar a R$ 5,80, como se observou semanas atrás, está descolado da realidade.
MUITOS MOTIVOS – Para o economista, os fundamentos sugerem um dólar a R$ 4,50. E lista os motivos: a moeda norte-americana está caindo em todo o mundo, o euro está se valorizando, os preços das commodities estão em alta, o risco Brasil está em baixa e os juros no país vão subir.
Não é só: em novembro, as eleições nos Estados Unidos afastaram o risco de uma crise geopolítica com a vitória do democrata Joe Biden sobre Donald Trump e está sobrando dinheiro no mercado internacional, por causa dos pacotes de incentivos à economia nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.
Esse fluxo de recursos está migrando para
países emergentes, entre eles, o Brasil. Parte do dinheiro é especulativa, de
curto prazo, mas há uma parcela que está mais tranquila porque o ministro da
Economia, Paulo Guedes, está conseguindo brecar todas as loucuras que surgem no
governo na área fiscal.
Nesta quinta, o dólar foi puxado para baixo, sobretudo, pela venda de contratos de swap cambial pelo Banco Central e por causa da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de avisar que está preparando o terreno para a alta da taxa básica de juros (Selic), há meses no piso de 2% ao ano. Juros mais altos atraem recursos de fora.
Vicente Nunes - Correio Braziliense
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